quarta-feira, 2 de setembro de 2009

das quedas, das marcas e da felicidade

Hoje eu estava a caminho da aula e me deparei com uma cena simples, mas que para mim veio cheia de constatações e reflexões, além de lembranças de um passado não tão distante da minha infância.

Era uma menina linda correndo ao encontro de sua mãe, ela vinha tão empolgada que me recordo de ter feito uma expressão de ‘ai meu Deus, quer ver só, ela cair’ pensando isso e rezando para que ela tivesse êxito e encontrasse os braços de sua mãe rapidamente.

Fiquei um tempo pensando nessa cena, e lembrei-me das minhas atitudes diante do novo, a ação de olhar o objetivo, respirar fundo e sair em disparada, numa felicidade tão inebriante que as preocupações, quanto a cair e o medo de não obtiver êxito são completamente esquecidos diante da maravilha do encontro, do abraço, daquela explosão de sentimento e felicidade; conclui que as crianças são leves, portanto quero ter essa leveza comigo, talvez porque ainda não tenha caído e me machucado o suficiente para que meu cérebro emane mensagens de ‘freios’ diante de situações que instigam uma ‘disparada’ maior. Se existe a máxima que só se aprende caindo a não cair, eu prefiro uma que diz: é preciso aprender a não se machucar tanto ao cair.

Lembro também que quando criança meus joelhos viviam arranhados e que quando estavam cicatrizando, parecia sina, eu me machucava em cima do machucado ainda não-cicatrizado, gerando reclamações por parte de minha mãe que me perguntava se eu queria ficar cheias de marcas no futuro. Agora eu pergunto: quem lembra se vai querer ficar com marca ou não. Quem é que lembra o quanto chorou na ultima vez que caiu diante da iminência do êxito, diante da iminência da felicidade latente.

Diante da felicidade não tenho preocupações em ficar ‘marcada’, apenas me dou ao direito de ser feliz e aproveitar aquele momento.

Hoje tenho joelhos marcados, resultados de quedas e mais quedas, uma em cima da outra, mas nem lembro da última, talvez porque não fico ‘lambendo’ o machucado, fez uma casquinha já está boa para outra, da minha última queda os outros é que ficam lembrando por mim.

[alberta de melo]

Um comentário:

Eliane Melo disse...

Quedas deixam marcas e talvez nem lembramos pq as cicatrizes estão alí, mas sabemos que algo aconteceu.
enfim...vamos ser felizes...=)