"..Chega, de saudade
a realidade, É que sem ela não há paz,
não há beleza.."(Chega de Saudade - Tom Jobim e Vinicius)
Eu vou transformar a minha saudade em verbo, pois nunca houve uma com tanta flexão: tempo, modo, pessoa e número. Nenhuma que aportou dantes e fez morada expressava processos, ação, estado, mudança de estado, fenômeno da natureza, conveniência, desejo e existência.
Minha saudade não é substantivo, ela é verbo que tenho conjugado no presente, no passado e no futuro, carnaval e dia santo.
É a mais pura falta, lacuna, espaço em branco, com um quê de arrogância e má criação, finca pé, imperativa.
É também o mais puro medo de sentir tanto e tanta falta de alguém, medo de não encontrar mais nada que cheire teu cheiro, que seja teu gosto, que seja tu, com todas as peculiaridades e trejeitos.
Saudade que como dizia uma professora “deixa a gente feia e triste”; é ver o relógio parar durante o tempo em que não estamos juntos.
Saudade é, sobretudo, sentir tua presença tão real e verdadeira aqui.
Presente, passado e futuro, carnaval e dia santo.
Agarrada ao seu pescoço em uma terça de chuva às quinze e quarenta da tarde. Acordei. E descobriu que a saudade faz parte do pacote.
E quem disse que seria fácil.
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