quarta-feira, 9 de março de 2011

Acerca da memória olfativa


"..My home is my man.."(Mallu Magalhães)

É meu bem, antes fosse só ouvir tua voz no meu ouvido. Antes fosse te enxergar vindo em minha direção. Antes fosse apenas te tocar e/ou sentir teu gosto descendo pela minha garganta, antes fosse tudo isso junto e duma vez. Mas nada, nada se compara com a inquietação provocada por teu cheiro.

Não é a toa que teu cheiro me transporta. Como sair de si. Realidade irreal. Exala tua alma, teus gestos, teu jeito. Surge de onde menos espero, traz de repente tua presença perturbadora da paz alheia, desencadeando várias sensações, prazeres, desejos. Essa experiência olfativa move meu mundo, provoca sensações vívidas e concretas. Faz-me sonhar de corpo inteiro, acordar com teu cheiro e permanecer com ele. Tudo culpa de 20 milhões de receptores de aromas feitos para detectar moléculas de odor que chegam pelas narinas ou pelo fundo da boca. Cientifico. Apocalíptico.

Então, que farei de tu?

Tu que és a própria molécula de odor, materializada a pairar no ar que eu respiro.



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