quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Displicência


“A menina esperava seu homem chegar
E olhava todo dia a linha do mar..”
(Nação Zumbi - Amor de muito)

Depois daquela manhã, pensei que estaria salva se não estivesse contigo, mas fui tão estúpida que nem sequer me lembrei de fechar a porta do coração. Displicências a parte, assisti de camarote com vista pro mar tu vir avançando e tomando teu lugar de direito dentro de mim, reocupando territórios, com teu exercito de gentilezas, numa batalha tão peculiar a ti. Limpa.

Havia esquecido que quando estou contigo, as portas se abrem e com elas um mundo se revela. E confesso: dá medo tanta novidade e descoberta. Principalmente quando paro e percebo que tu és a personificação de desejos, de vontades, de conjunto de elementos que outrora sonhei e quis.

A um palmo de distância, essa é a distância que quero estar de ti, a um palmo, onde eu possa te afagar, desenhar teus traços, como a pouco desenhei, a um palmo de distância é a distância exata e precisa pra poder ouvir tua respiração ofegante, como a pouco ouvi, a um palmo é a distância democrática, considerável, para sentir teu cheiro inconfundível e nada se compara a inquietação provocada em mim por ele. A um palmo e não a léguas e montanhas de separação.

Assim como disse Vinicius fazendo pouco da distância ‘O mesmo céu nos cobre, e a mesma terra liga nossos pés’ eu digo ainda que: o mesmo mar nos une; o mesmo que testemunhou a retomada dos territórios e a minha displicência em esquecer de fechar o coração, um mar feito de vai e vem, semelhante a ti.

E depois daquela manhã, tudo ficou suspenso, momentos que ficaram guardados, um punhado de saudade e uma despedida que não existiu.







2 comentários:

bats_man disse...

Muito bom! Parabéns pelo texto.

Alberta Melo disse...

Obrigada..=) Esse foi pra abrir 2011..^^