quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ama tu

“A lua nascendo por entre os fios dos teus cabelos,

por entre os dedos da minha mão passaram certezas e dúvidas”

(Lenine – O último pôr-do-sol)


Se tiverdes coragem, toma minha mão, olha nos meus olhos, esses sem mais aquele brilho e ingenuidade anteriores, pois bem, se tiverdes coragem toma minha mão, olha nos meu olhos já sem brilho e sussurra aqui no meu ouvido: menininha incrédula, nada de mal acontecerá com teu coração, ele estará bem cuidado em minhas mãos, aprende de uma vez por todas, tu não erras com ninguém, minha cara. Deixa tudo para trás, porque este lugar vazio por onde tens te escondido e estado já não é mais para ti. Não vês que nada aqui combina contigo. Abre essas portas, olha quanta poeira, deixaste acumular, deixa essa luz entrar. Acabou o tempo teu. Vai Ama.

Tenho medo.

Sinto tanto.

Sinto admitir.

Sinto sentir esse rompante de realidade que me persegue e que não me deixa crer. Crer e sentir.

Fico me perguntando: Mas como seria tal coisa, se não conheço homem [capaz de me arrebatar]?! Como pode ser?! Eu e tu marcados pela vida. A quem quer enganar, meu amor?! A mim?! A mim que tenho aprendido sob duras penas, na marra, no seco, na luta, nas perdas. Do jeito mais ‘dorlorento’ que se pode aprender. Do jeito em que se é só, se levanta só, se aprende só, se tira só as conclusões. Só e nada mais. Nem gestos, nem quereres, nem nada.

Amargo o gosto do insípido na boca. E tudo para mim tem sido como que salada de chuchu. Penso que me falta uma inocência para crer. De novo. Em tudo. Penso que aprendi a ser só e temo não desaprender. Quero acreditar.

Ama tu e tenta ser feliz. Eu só lembro da dor.


Por Alberta de Melo

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