segunda-feira, 8 de março de 2010

Guardado pra logo mais

"..E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar.."

(Chico Buarque - Quando o carbaval chegar)


Vingança teu nome é mulher. Teu nome é espera. Teu nome é trabalho duro. Teu nome é conquista. Teu nome é esforço e estudo. Há de se preparar para o momento da glória, há de se preparar para o momento da vitória e realização, escolher tudo a contendo, momento feito de verbos: andar, trabalhar, suar, vencer, só para ver tua cara de ‘James Cameron’. Observando calado o pedestal onde me encontrarei. Aplaudirás-me?!
Parei para pensar porque não te esqueço logo de uma vez, como fiz com tantos outros, que simplesmente já tomaram o caminho do mar, ardendo em chamas, igual aos funerais Vikings.
Encontrei resposta no sábio Nietzsche “Não se odeia quando pouco se preza, odeia-se só o que está à nossa altura ou é superior a nós." E tu és superior a mim. Superior em muitos aspectos. Admito que fosse um modelo para mim, admito também que todo aquele mundo que me mostraste guardei e eu tive vontade verdadeiramente que se tornasse realidade, e acreditei que ele seria sim. Acreditei que finalmente era merecedora da felicidade daqueles dias. Enfim, foste a maior decepção de todas, mas não era para menos, sempre prezaste pela excelência e não seria diferente, pisaste no que eu julgo ser o maior em mim. Quando foste embora, saíste correndo tão rápido, nem arrumaste tua bagunça, apenas disseste tuas palavras duras e secas.
Confesso que me perco imaginando esse dia. Tendo feito dele meta em minha vida. Sonho não. Meta. Os sonhos tiveram que ser deixados para trás, é necessário que eu cresça e me torne uma mulher. Ate porque tu és um homem e mereces uma ‘briga’ de igual.
Tornam-se necessárias várias mudanças, algumas doloridas, mas apesar de minha incredulidade da chegada desse dia, - talvez pela própria demora dos dias, talvez pela formação cristã que me ensinaram, tendo que esperar a ‘justiça divina’, - ontem eu tive a certeza que ele vai chegar. Como que de repente, como que um prenúncio de futuro.
Olha, dispensarei o tapete vermelho, os holofotes hollywoodianos, a estatueta dourada, até o vestido prateado de estilista famoso. Só não dispensarei teu aplauso, teus parabéns, o sorriso falso e o teu aperto de mão, porque o abraço eu dispenso, admito que tenho medo dele, afinal a expressão "apulhalado pelas costas", como símbolo de traição, vem do incidente onde Brutus deu o primeiro golpe por trás do Julio Cesar “até tu Brutus, meu filho?!”.
Vou te ver de cima um dia. E se tudo der certo talvez nem te veja. Mas não se preocupe agirei com a mesma educação tão peculiar a mim, usarei as palavras de Kathryn Bigelow ontem na entrega do Oscar quando disse que o ex marido é muito inspirador, que é bastante agradecida a ele, e acrescentarei “me fizeste chegar até aqui”.

Por Alberta de Melo

Nenhum comentário: