quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Nada me habita

Eu preciso de mim,
que falta eu me faço.

Estou tão fora de mim
que qualquer sinal meu
já daria uma boa, boa, boa....boa coisa

Só sei que a vida é bem melhor
quando eu estou por aqui
me sentir é muito bom

É quando eu me sentindo por perto
que penso mais claramente
vivo de um jeito certeiro
sem tantos rodeios

Pensamentos vagos esses
e que certamente não, não são meus
ONDE FOI QUE EU ME PERDI
que ainda não me encontrei

Mas o pior realmente
E essa sensação de nada me habita
é uma quase morte morrida.

Eliane Melo

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Manuscritos

Mas é assim mesmo que eu quero ser,
Antes de ser tua
Quero ser primeiro minha

O amor que sinto por ti
Será primeiro meu
Depois sim, dar-te eu irei
e o afã nunca acabará.

E tudo que passa por mim,
Passará também por ti
Como um fio condutor
Que conduzirá sempre "juntín e amarradín".

Seja qual for o segredo da vida
As perdas da estrada
Sejamos Fenix.


Eliane Melo

Só não tem titulo ainda.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Amante da Algazarra...

Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.

É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto.

É ela!!

Todo mundo sabe, sou um lisa flor de pessoa,

Sem espinho de roseira nem áspera lixa de folha de figueira.

Esta amante da balbúrdia cavalga encostada ao meu sóbrio ombro.

Vixe!!

Enquanto caminha a pé, pedestre – peregrino atônito até a morte.

Sem motivo nenhum de pranto ou angústia rouca ou desalento:

Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.

É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto

E se apossou do estojo de minha figura e dela expeliu o estofo.

Quem corre desabrida

Sem ceder a concha do ouvido

A ninguém que dela discorde

É esta

Selvagem sombra acavalada que faz versos como quem morde.

(De Tarifa de Embarque)

Waly Salomão

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Contabilizando as perdas

E hoje a sensação de derrota me veio muito forte, hoje eu senti como a muito não sentia a questão de perder. Perder mesmo daquelas derrotas sem sombra de duvidas, daquelas que não cabem contestações, daquela perda clara e latente, visível e pior constatar a vitória alheia-digna, na bola, no jogo limpo, por méritos do campeão.
Sempre lidei muito bem com as perdas em geral da vida, pessoas que vão morar longe, amigos que precisam partir, amigos falecidos, familiares, mas certas perdas nos batem mais forte, talvez porque a vontade de ganhar seja tão grande que você não cogite a possibilidade de perder.
Ocorreu-me que um dia assistindo a uma competição de Taekwondo de Natália Falavigna, no Pan do Rio (em que ela ficou com a prata), lembro da expressão dela saindo desolada do local da disputa após a derrota, lembro das pessoas falando ‘que era prata, que também tinha seu valor’, e ela chorando, soluçando, com uma raiva dela mesma de não ter conseguido o objetivo; depois em entrevista ela tentou explicar o porquê daquela reação, relatou que todo dia antes de dormir, no quarto dela, bem em frente à cama, ela tinha colocado a foto da medalha de ouro, aquela foto ali era o objetivo dela, ela se dedicou por aquilo, treinou, deu tudo de si, se entregou. Então compreendi a tamanha tristeza dela em perder, ela tinha sonhado tanto com aquilo que não cogitou a possibilidade de segundo lugar.

por Alberta de Melo